O Surgimento
de Ipanema

A história de um bairro cartão-postal

IPANEMA - RIO DE JANEIRO

Last updated: May 16, 2022

O Surgimento de Ipanema
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O descobrimento

A restinga, hoje ocupada pelos bairros da Zona Sul, já era habitada por indígenas que se assentaram naquela região litorânea muito antes da descoberta do Brasil, em 1500.

As duas aldeias Tamoios, também conhecidas como tupinambás, ocupavam a região onde hoje está o bairro de Ipanema (aldeia “Jaboracyá”) e a outra no atual bairro do Leblon (aldeia “Kariané”).

Ambas as tribos sobreviveram aos primeiros anos da colonização, mas foram dizimadas pelos portugueses no empenho de retomar e povoar o que havia sido invadido pelos franceses.

[1] Cartão-Postal da Praia de Ipanema e Leblon com a montanha Dois Irmãos ao fundo. (Anos 60) - Reprodução: Gráfica Franco Brasileira. Acervo: Domínio Público. [2] Simulação Geográfica da Vista da Lagoa Rodrigo de Freitas em 1565. - Ilustração Digital: Iluminata / Divulgação. [3] Simulação Geográfica da Praia de Ipanema em 1565. - Ilustração Digital: Iluminata / Divulgação.

A cidade

A ocupação portuguesa dos territórios próximos à Baía de Guanabara culminou na fundação da cidade de "São Sebastião do Rio de Janeiro", em 1º de março de 1565. Até a segunda metade do Século 17, tornou-se a cidade mais populosa do Brasil, passando a ter importância fundamental para o domínio colonial.

Posteriormente, no Século 18, com a expansão econômica e a consolidação como centro portuário, a cidade passou por transformações em seus espaços urbanos, sendo cenário para grandes obras. A instalação da iluminação pública da cidade, à base de óleo de baleia, e a construção do Aqueduto da Carioca, atuais Arcos da Lapa, foram alguns marcos, na época, para a população que continuava a crescer na área central.

[4] Fundação da cidade São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565. - Óleo sobre tela, 1881. Autor: Antônio Firmino Monteiro. Acervo: Biblioteca Nacional. [5] Aqueduto da Carioca, atual Arcos da Lapa e o bairro de Santa Teresa (c. 1866). Fotografia: George Leuzinger. Acervo: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

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A expansão

Era comum, à época, que as ocupações territoriais fossem feitas por enfiteuse, arrendamentos de terras públicas a particulares para promover o povoamento e a exploração destas regiões. No Rio de Janeiro, essas áreas designadas como sesmarias municipais, inabitadas, foram doadas pela corte portuguesa ao município e comercializadas pela Câmara.

Era uma imensidão de terras, compreendida hoje entre o Leme e o Leblon, passando por Copacabana, Ipanema e Gávea. Toda essa região, à época, era chamada de Praia de Fora, cortada pela Lagoa dos Socós, hoje conhecida como Lagoa Rodrigo de Freitas.

O local era considerado inóspito, onde só se chegava de canoa, de barco ou a pé. Também era inapropriado para moradia porque não era servido por água doce e as enchentes na lagoa causavam alagamentos ao redor.

[6] Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. (1884) - Óleo sobre madeira. Autor: Nicola_Facchinetti. Acervo: Museu Nacional de Belas Artes. [7] Plano da Lagoa Rodrigo de Freitas. Elevado pelo Ten. Coronel Carlos José dos Reis Gama e pelo Cap. Jacques Augusto Coni. (1809) - Nanquim e Aquarela. Autor: Carlos Joze dos Reis Gama. Acervo: Arquivo Histórico do Exército / Biblioteca Nacional.

A origem

A Praia de Fora era grande areal com diversas pitangueiras, araçazeiros e cajueiros, onde moravam preás e tatus. No entorno, poucas moradias. A região mudou de proprietários inúmeras vezes até ser adquirida em um leilão, em 1886, por José Antônio Moreira Filho, o segundo Barão de Ipanema.

A palavra "Ypanema" tem origem indígena. No idioma tupi-guarani significa "lago fedorento", "rio imprestável" ou "água imprópria para nadar e para pescar".

A origem do título do Barão de Ipanema vem da freguesia de São João de Ipanema, ao oeste de São Paulo. O nome da freguesia homenageia D. João VI e o rio homônimo. À margem deste rio, ergueu-se a primeira fábrica de ferro do Brasil pelo primeiro Barão, Visconde e Conde de Ipanema, José Antônio Moreira, pai do Segundo Barão de Ipanema. Em homenagem ao Barão de Ipanema, a pequena Vila herdou o nome do seu título.

[8] Praia de Ipanema a partir do Arpoador (c. 1895) - Fotografia: Marc Ferrez. Acervo: Instituto Moreira Salles / Biblioteca Nacional. [9] Ilustração com a caricatura do Comendador José Antônio Moreira Filho. (1882) - Reprodução: Jornal "O Mequetrefe", Capa, Ano 8, Edição 281, Nº 56. Acervo: Biblioteca Nacional. [10] Brasão de Armas do 2º Barão com Grandeza de Ipanema. (1918) - Ilustração: Fernand James Junod. Reprodução: Livro "Archivo Nobiliarchico Brasileiro". Acervo: Biblioteca Nacional. [11] Fundição Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema. (1884) - Fotografia: Pedro Correa do Lago. Reprodução: Livro "Coleção: Princesa Isabel. Fotografia do Século XIX" da Editora Capivara, 2013.

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A Vila

O termo de fundação da Vila Ipanema foi assinado em 26 de abril de 1894, instituindo a abertura de 19 ruas e duas praças: a Marechal Floriano Peixoto e a Coronel Henrique Valadares, atuais Praça General Osório e Praça Nossa Senhora da Paz, respectivamente.

O projeto de divisão inicial dos futuros bairros da Zona Sul deu-se como uma continuação do loteamento construído em Copacabana, com a abertura de várias ruas. Posteriormente um novo loteamento foi aberto em Ipanema, com cerca de 45 quadras, subdivididas em 40 lotes cada, formando uma espécie de tabuleiro enxadrezado.

Aos poucos, os terrenos foram sendo vendidos com certa dificuldade, ao preço de "um conto e quinhentos mil réis", cada um, mas ninguém queria investir naquele fim de mundo alagado e com muitos mosquitos.

[12] Praia de Ipanema e Morro Dois Irmãos. (1900) - Fotografia: José Baptista Barreira Vianna. Acervo: Instituto Moreira Salles. [13] Planta de Ipanema com as referências de lotes e quadras. (1919) - Projeto do engenheiro Luiz Raphael Vieira Souto. Mapa da Companhia Construtora Ipanema. Reprodução. [14] Rua Francisco Otaviano, interligando Copacabana e Ipanema. (190?) - Fotografia: Marc Ferrez. Acervo: Biblioteca Nacional.

O bairro

A primeira rua surgiu em 1888, a partir do caminho rupestre de uma antiga fazenda. O projeto de arruamento foi feito pelo engenheiro, Luiz Raphael Vieira Souto, e batizado, na época, de Rua 20 de Novembro, em homenagem à Baronesa de Ipanema, que nasceu e se casou nesta data.

Tempos depois, veio a implementação da primeira linha de bonde puxado por animal. Posteriormente, em 1902, o prolongamento da linha de bonde “Jardim Botânico” interligava vários locais próximos e facilitou a popularização no novo bairro.

Ainda no início do Século 20, o Prefeito modificou o nome das ruas de Ipanema para homenagear brasileiros que tiveram participação nas lutas pela independência do Brasil como Joana Angélica, Maria Quitéria, Garcia D’Ávila, Barão da Torre, Barão de Jaguaribe e o Visconde de Pirajá, este último que empresta o seu nome para a primeira e principal rua do bairro.

O desenvolvimento do bairro de Ipanema teve seu ápice no fim do Século 20, com a expansão do comércio, a verticalização dos prédios e o estilo de vida perto do mar.

[15] Vista da Vila de Ipanema com a Lagoa ao fundo e, ao centro, a Rua 20 de Novembro. (c. 1900) - Fotografia: Autor Desconhecido - Reprodução da Internet. [16] Ao centro, Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. (1939) - Fotografia Aérea. Acervo: Museu Aeroespacial / Biblioteca Nacional. [17] Avenida Vieira Souto. (1921) - Fotografia: Augusto Malta. Acervo: Museu Light da Energia.

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