Aqui, no posto...
Aqui,
no posto...
O estilo de vida dos cariocas para se
encontrar nas praias
IPANEMA e LEBLON - RIO DE JANEIRO
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Last updated: June 2, 2022
Verão 40 Graus
As principais praias da cidade do Rio de Janeiro apresentam uma similaridade: a orla oceânica tem postos de salvamento fixos. A cada 750 metros, uma edificação foi erguida para ajudar os salva-vidas a atenderem os frequentadores em caso de emergência, e também para funcionar como um ponto de encontro na orla.
Entre a península da Pedra do Arpoador e o Morro Dois Irmãos, são seis postos de salvamento na orla, numerados de 7 até 12. Essas construções passaram por diversas modificações ao longo destes 40 anos.
Nas orlas de Copacabana, São Conrado, Barra da Tijuca e Recreio há outros postos de salvamento, totalizando 25 construções similares.
[1] Posto 7 no entardecer do Arpoador. (2021) - Foto: Nogueira Jr. [2] Construção do Posto 3, em Copacabana, com as características propostas por Sergio Bernardes, em 1981. - Imagem: Acervo Sergio Bernardes / Custódia UFRJ.
A História
O primeiro posto de salvamento era um barracão de madeira construído em 1900 com o nome de Sociedade de Socorro Balneários, sendo instalado na praia de Copacabana.
Posteriormente, a edificação deu lugar a altos postes de madeira com uma plataforma gradeada no topo que abrigava apenas um guarda-vidas. Popularmente chamado de "banhista", vigiavam aqueles que entravam no mar, no topo do seu posto de observação, protegido por uma barraca, com um binóculo, uma boia, uma corda, além de um pequeno barco.
Os banhos de mar entram na moda. Em 1917, a Prefeitura da Guanabara - então Distrito Federal - resolve regulamentar o funcionamento dos balneários e baixa um decreto regulamentando o banho de mar, com os horários e as vestimentas permitidas.
Em 1924, o então prefeito Alaor Prata, manda edificar, com concreto armado, os postos de salvamento na orla, dando melhores condições de trabalho aos guarda-vidas do Corpo de Salvamento.
Em uma nova obra, já em 1937, agora em estilo Art Déco, os postos de salvamento ganham um barco com três tripulantes, além de alto-falantes na orla de Copacabana. Finalmente em 1951, o Marechal Ângelo Mendes de Moraes, prefeito da Guanabara, resolve dotar as orlas de Ipanema e do Leblon com postos de alvenaria similares aos já existentes.
[3] Posto de Salvatagem localizado na Avenida Atlântica. (c. 1900) - Fotografia: Augusto Malta. Acervo: Museu da Imagem e do Som. [4] Posto de salvamento na praia de Copacabana. (c. 1930) - Fotografia: Autor Desconhecido. Acervo: Arquivo Nacional / Fundo Correio da Manhã. [5] Posto Salva-vidas na praia do Leme, em dezembro de 1954. - Fotografia: Autor Desconhecido. Acervo: Arquivo Nacional / Fundo Agência Nacional. [6] Antigo Posto 9 na praia de Ipanema, provavelmente em 1951 - Fotografia: Autor Desconhecido. Acervo: Particular / Reprodução da Internet.
O Projeto
Em meados da década de 70, inicia-se o projeto de padronização e duplicação para outras praias da orla carioca. Em 1976, o arquiteto Sérgio Bernardes apresenta seu projeto de uma ideia vanguardista.
Concebido para interferir minimamente na paisagem da orla carioca, tem forma de quilha e possui três níveis. O primeiro para acesso aos banheiros, a ducha e o lava-pés. Nas laterais estão as escadarias de madeira, que interligam ao segundo nível ou deck superior, destinado ao salva-vidas, alojamento e equipamentos de emergência. O último foi usado para reservatório de água.
O projeto original previa a instalação, no alto, de quatro globos com design exclusivo, que funcionam como autofalantes e refletores, além de um revestimento com chapas espelhadas de aço inoxidável, para que refletissem a beleza da paisagem do entorno e minimizasse o volume da construção.
[6] Croqui e anotações do projeto do novo posto de salvamento da orla do Rio de Janeiro, em 1976. - Imagem: Acervo Sergio Bernardes / Custódia UFRJ. [7] Novo Posto 7, no Arpoador, entregue em 11 de novembro de 1978. - Imagem: Acervo Sergio Bernardes / Custódia UFRJ.
O Criador
O arquiteto carioca Sérgio Bernardes amava maquetes, carpintaria, marcenaria e pilotar carros. Cursou a Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, hoje UFRJ.
Visionário, suas obras eram singulares e a sua paixão em experimentar novas tecnologias, formas e materiais, o levou a ganhar diversos prêmios e reconhecimento internacional. Deixou um legado icônico para a arquitetura, como o Pavilhão de São Cristóvão, no Rio de Janeiro; o hotel circular Tropical Tambaú, em João Pessoa, na Paraíba; e o Pavilhão das Bandeiras, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, entre muitos outros.
[8] O arquiteto Sergio Bernardes apresentando o Plano Rio, em 1965. - Imagem: Acervo Sergio Bernardes / Custódia UFRJ. [9] Sergio Bernardes em seu escritório da Av. Niemeyer, no Rio de Janeiro, em 1967. - Imagem: Acervo Sergio Bernardes / Custódia UFRJ.
Os Postos de Ipanema
O Posto 7 está localizado no início da Praia do Arpoador, em frente ao Parque Garota de Ipanema, local frequentado por surfistas e banhistas encantados com a cor do mar e as depressões rochosas.
O Posto 8 está na interseção da Rua Joaquim Nabuco com a Avenida Oceânica. Frequentado por uma turma mais descolada, ideal para conhecer pessoas e fazer amigos. Não tem idade certa, é só chegar e ficar à vontade. Partindo da Rua Farme de Amoedo, chegamos ao point LGBTQIA+ mais badalado da orla carioca.
O Posto 9 fica ao centro do quarteirão entre as ruas Joana Angélica e Vinícius de Moraes. Atrai gente jovem e bonita, é frequentado por estrelas de TV, famílias e esportistas de todos os estilos. Praticamente todos os dias da semana, o local registra intenso movimento.
O Posto 10 fica exatamente em frente à Rua Aníbal de Mendonça. Escolhido pelos moradores do bairro e turistas que buscam uma maior tranquilidade, é o trecho mais boêmio e arborizado. Cortado pelo canal do Jardim de Alah, que liga a Lagoa Rodrigo de Freitas à orla da praia, serve de divisa entre os bairros de Ipanema e Leblon.
Os Postos do Leblon
O Posto 11 está próximo à Rua Almirante Guilhem. Perfeito para quem procura por lazer, atividades esportivas e gastronomia. Por lá, um parquinho nas areias para bebês e crianças, além de uma visão ampla do mar e do Morro Dois Irmãos, um dos cartões-postais mais famosos da cidade.
O Posto 12 está próximo à Rua Aristides Espínola. Frequentado por moradores assíduos e desportivas, é ponto de reuniões, de iniciativas culturais e de outras práticas coletivas, acesso para o Mirante do Leblon e próximo a um dos principais locais para prática de esportes e trilhas da cidade: o Parque Natural Dois Irmãos.
[10] Cartão-Postal da vista aérea do Morro Dois Irmãos, da praia do Leblon, no detalhe à direita o Posto 12. (Anos 80) - Reprodução: Gráfica Franco Brasileira. Acervo: Domínio Público.